Projeto "BR Tempestade" - Vídeo 02 (2min)
(TEXTOS EM REVISÃO)
Quarto dia de viagem, já estabelecida a rotina diária de fazer rondas em 3 rotas, todas irradiando da vila de Conceição de Ibitipoca.
São 18:30 e pela janela do quarto da pensão, olhando da vila nas várias direções nada parece muito dramático. Com o carro, percorro os 5 km até a entrada do Parque e voltando até a frente da pensão, me lembro de uma rota de terra, no sentido oposto ao que acabara de fazer. Sinto uma preguiça alimentada pela visão de um céu nublado calmo demais. "- Tem que ir lá...", murmurei para mim mesmo.
Ligo o carro e vou, rodo quilometros de estrada de chão e tudo segue monótono. Paro na porteira fotografada dois dias antes, desço do carro e contemplo. Um ventinho frio indica umidade, tiro algumas fotos despretenciosas. O céu, antes nublado, já está cinza escuro. Longas linhas horizontais surgem no horizonte. Isso é um tanto diferente mas tudo vai acontecendo vagarosamente.
Enquanto me movo quase que automaticamente para o carro, pensando "não ha nada ali..", subitamente decido insistir. Afinal, seria a última ronda...
Aquela atmosfera me atrai e fico ali, respirando, olhando... Logo aquelas estranhas linhas que cobriam todo o horizonte chamaram muito minha atenção e tudo foi se tornando mais dinâmico. Sinto uma leve euforia ao perceber que aquela dramática formção desabaria do céu. Em minutos aquelas linhas já definem as bordas de uma célula gigante e uniforme. Um fenômeno muito "forte" ia acontecer.
Passo, então, a focar na técnica, calculando o melhor a fazer pra aproveitar a oportunidade, que se revela cada vez mais rara.
Depois de fotografar em detalhes a formação, armo o equipamento para captar um timelapse da evolução do fenômeno. Me parece razoável, mesmo restringindo a captura a um único ângulo, abrir mão de outras possíveis fotos para registrar a evolução de algo único.
Quarenta minutos mais tarde, a borda da tempestade está a apenas alumas dezenas de metros de mim, os raios são constantes de assustadores. Vou até o que sinto ser um limite até que, em um momento, jogo tudo dentro do carro e parto.
A preocupação agora é chegar na vila antes do "mundo desabar" ao longo dos 6km de estrada de terra que me separam da Vila. Como meu carro posso ficar facilmente preso na lama. Vou retornando rapidamente sendo perseguido por um monstro gigantesco que ignora minha existência.
Em certo momento, tendo ganhado alguma distância, deixo o carro ligado e tiro algumas fotos, me movimento instintivamente tirando as fotos como se estivesse trocando tiros em uma guerra enquanto os raios, a escuridão e o som do vento desenham um entorno apocalíptico e majestoso. Esta foto é desta"batalha". Depois dessa sequência não pude mais parar e me torneri a propria fuga.
O objetivo dessa viagem, que duraria dezoito dias, era fotografar tempestades e já, no quarto dia, consegui capturar este verdadeiro monstro em Ibitipoca, Sul de Minas. Em todo o restante dessa jornada jamais encontraria nada parecido.
Ficou claro que este dia, foi um dia de muita sorte!
Confira neste vídeo imagens de tudo que descrevi até aqui e ao final, o Monstro em movimento!
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